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Opinião

Kwanza e Inflação

Editorial

A produção nacional, na maioria dos produtos alimentares, por exemplo, é ainda mais cara que a mercadoria importada, porque depende das importações de insumos, equipamentos, embalagens, etc., não tem os níveis de produtividade das grandes empresas agroalimentares e tem dificuldades de escoamento para os grandes centros de consumo. Proibindo ou aumentando a tributação dos produtos importados para defesa da produção nacional, está a contribuir-se para o aumento dos preços, pelo menos a curto e médio prazo.

O desafio para este 2024 passa por "segurar" a moeda nacional e a inflação, num equilíbrio que é muito difícil de manter, tendo em atenção que as dificuldades das instituições financeiras no acesso a divisas vão aumentando, sendo que alguns especialistas dizem que os valores de transacção interbancária estão acima do câmbio do BNA, o que cria uma distorção no que devia ser um sistema de câmbio flutuante de acordo com a procura e a oferta. O Expansão já tinha levantado há uns meses a questão da gestão administrativa do kwanza, que a médio prazo poderá levar a uma desvalorização abrupta, tal como aconteceu em Maio de 2023.

A decisão não é simples. Deixar a moeda nacional flutuar livremente, com todos os custos que isso acarreta ao nível da inflação, e quando a produção nacional ainda não garante em termos de quantidade e de preço a procura interna, ou ir controlando as disponibilidades, as importações e transferências para o exterior numa lógica de prioridades, de acordo com a estratégia do Governo. Mas isso implica escassez na oferta no nosso mercado e, por consequência, preços mais altos para produtos e serviços que são básicos para as pessoas e para as empresas.

A produção nacional, na maioria dos produtos alimentares, por exemplo, é ainda mais cara que a mercadoria importada, porque depende das importações de insumos, equipamentos, embalagens, etc., não tem os níveis de produtividade das grandes empresas agroalimentares e tem dificuldades de escoamento para os grandes centros de consumo. Proibindo ou aumentando a tributação dos produtos importados para defesa da produção nacional, está a contribuir-se para o aumento dos preços, pelo menos a curto e médio prazo.

O caminho tem de ser este, defendem alguns, mas os custos reflectem-se na inflação, que é um verdadeiro problema para o equilíbrio macroeconómico do País. E para a qualidade de vida da maioria da população, que perde poder de compra. A inflação acumulada em 2023 foi superior a 20% e a proposta de aumento dos salários dos funcionários públicos é de apenas 5%.

Este início de 2024 não está a ser fácil para a nossa economia. Manter um câmbio de forma artificial não me parece que seja uma boa estratégia, sobretudo numa altura em que se acentua a escassez de divisas. Limitar energicamente a importação de produtos básicos quando não há resposta da produção nacional, pode ter como efeito perverso o aumento da especulação nos preços. Tal como retirar liquidez da economia com a esperança de controlar a inflação. Possivelmente sim, mas o País não se desenvolve.

Definitivamente é necessário aumentar a procura interna, melhorar os salários e deixar o mercado funcionar sem grandes interferências do Estado. Pode ser uma boa solução. Regular mas sem estar permanentemente com novas exigências e novos decretos.

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