Efectivamente em Angola, quando se fala de investimento em infraestruturas, são tópicos centrais do Governo. Assim, tornou-se imperativo o investimento em conhecimento, pessoas e infraestruturas para albergar todos os serviços da comissão eleitoral, com o objectivo de proporcionar paz, harmonia, tranquilidade, segurança e transparência antes e depois da jornada eleitoral, o que legitima o poder político em Angola.

É consensual que, para proporcionar um ambiente propício à realização das eleições em Angola, construiu-se a sede da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), infraestrutura que custou 51,1 milhões USD ao governo angolano. Este foi o valor das obras a cargo do grupo israelita Mitrelli, sem contar com o investimento em conhecimento e pessoas, através da terceirização de vários serviços, entre eles, importa destacar a Sitgroup e a INDRA, multinacional de consultoria e tecnologia líder em Espanha e na América Latina, recursos imprescindíveis para a materialização do processo eleitoral. Investimento significa "sacrificar algo hoje" para obter "benefícios futuros".

Importa referir que foram vários os retornos proporcionados pela construção da sede da CNE, desde os mais de 200 empregos temporários criados, à formação de quadros, segurança, assim como retornos sociais. Mas é preciso pensar também em retornos financeiros e mecanismos de absorção ou utilização dos recursos humanos envolvidos na realização das eleições. Sabendo que a actividade da CNE é sazonal, agora acontecerá de cinco em cinco anos, temos de saber como podemos tirar maior rentabilidade deste investimento durante os próximos cinco anos?

Sabemos que o sacrifício presente é certo, mas a magnitude dos rendimentos no futuro é, em muitos casos, incerta. Todavia, nesta era do Estado racional, é necessário, entre várias acções definidas, a criação de métodos, técnicas e instrumentos que aumentem a eficácia na prospecção e recuperação de recursos financeiros, no sentido de ter capacidade de obtenção de fundos próprios, que permitirão à CNE o autofinanciamento nas próximas eleições sem recorrer aos cofres do Estado ou reduzir a dependência de financiamento por parte do Governo.

De salientar que a infraestrutura da CNE é composta por um centro de dados, anfiteatro e gabinetes para o presidente e comissários da comissão eleitoral. De igual modo, também está equipado com salas de plenário, reuniões e audiências e conta ainda com um estacionamento capaz de albergar 108 carros. Olhando cuidadosamente para cada um dos pontos apresentados, podemos observar que, através da cedência do espaço para o público em geral que tem necessidade destes serviços, mediante o pagamento de uma certa quantia, a CNE terá a oportunidade de prestar vários serviços com vista à obtenção de receitas. As salas de plenários, reuniões e audiências poderão ser usadas para diferentes finalidades pelo público em geral e em particular pelas empresas que se encontram nos arredores.

É importante pensarmos em todos os serviços que poderão culminar na obtenção de receitas. Cedência do espaço para reuniões, sessões de trabalho, fóruns, conferências, sessões de apresentação e lançamento de livros, acções de capacitação de curta duração, centros de chamadas, estacionamento, actividades culturais, feiras, cedência para formações das ordens profissionais e outros serviços que poderão atender às preocupações da comunidade e também proporcionar benefícios financeiros.

No caso do estacionamento percebe-se as possibilidades de rentabilização. Nas imediações da CNE existem várias empresas que prestam serviços e que estacionam os seus veículos nas proximidades da via pública, dificultando a mobilidade das pessoas e dos veículos, devido à dificuldade no acesso a um estacionamento.

A CNE poderá usar este estacionamento para obtenção de receitas com a cedência do espaço para as empresas, assim como para as famílias. Para além destas actividades, a Sitgroup foi a empresa responsável pelo recrutamento, selecção e remuneração, bem como a gestão do pessoal envolvido nas eleições de 2022, no que diz respeito aos recursos humanos utilizados para dar resposta às diferentes etapas e metodologias que a jornada eleitoral exige.

Foram gerados mais de 200 empregos de curta duração, e foram capacitados durante aproximadamente dois meses. Qual será o destino destes quadros? É possível aproveitar estes quadros para atender alguns sectores específicos, uma vez que foram capacitados em diferentes funções para atender necessidades especificas.

(Leia o artigo integral na edição 691 do Expansão, de sexta-feira, dia 9 de Setembrode 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)