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Opinião

Subsídio dos combustíveis

EDITORIAL

Mas o que mais impressiona é que o Governo não abre esta discussão pública, não põe os seus órgãos de comunicação a falar deste assunto, não inicia campanhas de sensibilização e comunicação para preparar os cidadãos, porque vai acontecer e corremos o risco de os estilhaços serem muito maiores quando a "bomba" explodir. Não deve faltar coragem aos nossos governantes para falarem deste assunto, até porque já assumimos compromissos com entidades estrangeiras que o vamos fazer.

A questão do fim da subsidiação aos combustíveis continua a ser "empurrada pela barriga". Assim como aquelas empregadas que varrem o pó para debaixo dos tapetes com a esperança que ele desapareça. Todos sabem que é incomportável para o País manter esta situação, que aliás custou mais de um bilião de dólares na última década, dinheiro que bem aplicado poderia ter resolvido uma parte assinalável daquelas que são as nossas maiores debilidades e carências.

Às vezes a matemática ajuda para termos uma ideia da dimensão. Em 2022, gastou 2 biliões de kwanzas ao País, o que dá para uma população estimada de 33 milhões, mais de 60 mil kz por cidadão. Olhemos para uma família média, um casal com quatro filhos e diremos dois avós que também vivem lá em casa. Preferia ter a gasolina a preços de mercado e receber cerca de 500 mil Kz lá para casa, ou pagá-la a 135 Kz e abdicar deste valor?

Eu sei que quando se fala deste tema vem logo à conversa o preço dos transportes públicos, as convulsões sociais, a perda de poder de compra para a classe média, etc., etc., etc.. Tudo isto é verdade, mas olhemos sob outra perspectiva. Quem são os principais beneficiados por termos estes preços de gasolina e gasóleo? Obviamente quem mais consome. Obviamente os que têm os melhores carros e mais condições para viajar. Vai aumentar os custos da actividade económica? Claro que sim. Mas se esses valores forem aplicados em melhores condições para as empresas, menor pressão fiscal, talvez o diferencial não seja assim tão significativo. Se forem criadas isenções para sectores e utilizadores específicos, feitas de uma forma racional e transparente, obviamente que o impacto será muito menor.

Mas o que mais impressiona é que o Governo não abre esta discussão pública, não põe os seus órgãos de comunicação a falar deste assunto, não inicia campanhas de sensibilização e comunicação para preparar os cidadãos, porque vai acontecer e corremos o risco de os estilhaços serem muito maiores quando a "bomba" explodir. Não deve faltar coragem aos nossos governantes para falarem deste assunto, até porque já assumimos compromissos com entidades estrangeiras que o vamos fazer.

Precisamos de aplicar melhor a nossa riqueza, de garantir o desenvolvimento equilibrado para todos, e a subsidiação de combustíveis continua a ser uma enorme "injustiça" pois os maiores beneficiados são os mais ricos. Claro que é necessário proteger os mais pobres, mas um décimo desses dois biliões de kwanzas chega seguramente para apoiar os mais necessitados. Não vale a pena colocar a questão de outra maneira!