Stock de crédito cresce apenas 1% no primeiro semestre para 8 biliões Kz
O reduzido crescimento do stock de crédito bancário no primeiro semestre foi influenciado pelas quedas registadas logo no início do ano, quando caiu 1% em Janeiro, e no final do primeiro trimestre, quando registou uma redução de 2%.
O stock de crédito bancário registou um total de 8,0 biliões Kz no primeiro semestre deste ano, representando um aumento de 103,6 mil milhões Kz (apenas 1%) desde Dezembro do ano passado, de acordo com cálculos do Expansão com base nas Estatísticas Monetárias e Financeiras publicadas recentemente no site do Banco Nacional de Angola (BNA).
O reduzido crescimento do stock de crédito bancário no primeiro semestre foi influenciado pelas quedas registadas logo no início do ano, quando caiu 1% em Janeiro, e no final do primeiro trimestre, quando registou uma redução de 2%.
De acordo com o economista Hermenegildo Quexigina, a redução do stock de crédito no primeiro trimestre deveu-se ao facto de os bancos terem aumentado os investimentos em títulos da dívida pública, já que as dificuldades que o Estado tem enfrentado para captar dívida pública externa, bem como as necessidades de financiamento no Orçamento Geral do Estado (OGE), levou o Governo a procurar aumentar as emissões de títulos no mercado interno, disponibilizando maturidades mais curtas.
O facto de o Governo "rivalizar" com os agentes económicos no acesso ao dinheiro dos bancos tem sido alvo de fortes críticas nos últimos anos, já que os especialistas defendem que desta forma o Governo acaba por impedir o crescimento das empresas e, por sua vez, entrava o desenvolvimento económico do País.
O problema do peso do crédito ao Estado reside em oferecer um risco reduzido, permitindo à banca manter uma boa rentabilidade sem ter de enveredar pelo negócio de elevado risco e rentabilidade por vezes negativa, devido ao ambiente de negócios, que caracteriza o crédito às empresas. Ou seja, o capital dos bancos é suficientemente remunerado pelo crédito ao Estado, enquanto a expectativa da banca para o crédito à actividade privada parece ser negativa para a generalidade dos projectos, tendo em conta o risco.
Só nos primeiros cinco meses do ano, o Governo emitiu 2,0 biliões Kz entre bilhetes e obrigações do tesouro, mais 55% do que os 1,3 biliões Kz registados no mesmo período de 2024, de acordo com cálculos do Expansão com base em estatísticas do BNA sobre o mercado monetário.
Por outro lado, o economista Heitor Carvalho acredita que esta redução do crédito também poderia estar ligada à situação caótica que se vive a nível internacional. "Nesta incerteza, poderá ser também o início de uma inversão da tendência de crescimento que se vinha registando. Todos os bancos do mundo estão a aumentar as reservas bancárias e a conceder menos crédito", explicou.
Mas, mesmo com a influência negativa das quedas registadas nos primeiros meses, de modo geral registou um ligeiro crescimento de 1%. Este crescimento foi maioritariamente impulsionado pela categoria de actividades administrativas e dos serviços de apoio, responsável por 178,6% do crescimento global ao registar um aumento de 178,6 mil milhões Kz.
Entre os sectores que mais contribuíram para a subida do stock de crédito bancário, destaca-se ainda a categoria de particulares que agregou mais 138,0 mil milhões Kz ao stock de crédito até Junho. Destacam-se também a categoria de comércio e transporte e armazenagem (ver tabela). Por outro lado, o sector do comércio está novamente agarrado à liderança do ranking, representando 20,4% do crédito total, equivalente a 1,6 biliões Kz. Logo a seguir está o crédito a particulares, que pressupõe ser consumo, com uma participação de 19,5% com uma contribuição de quase 1,6 biliões Kz do total. Juntos, consumo e comércio, têm 40% do stock de crédito bancário.
De acordo ainda com os dados do BNA, apesar do crescimento em termos globais, oito dos 22 sectores viram o stock cair. Entre eles, destacam-se a categoria de outros serviços, que, apesar de incluir diversos sectores não especificados, foi o que mais negativamente influenciou o stock com uma redução de 105,6 mil milhões Kz.
Também as actividades imobiliárias e a informação e comunicação com -102 e -97 mil milhões Kz, respectivamente, estão entre os sectores que mais influenciaram negativamente no total de crédito concedido pela banca no primeiro semestre deste ano.