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Economia

Produção de petróleo cai 9% para 1,029 milhões barris/dia e já está abaixo do OGE

ANGOLA PRODUZIU MENOS 96,1 MIL BARRIL PETRÓLEO/DIA NO I SEMESTRE

A queda da produção associado à redução dos barris exportados e do preço do crude nos mercados internacionais, que ficaram em média, 10,2 USD mais baratos face ao I semestre de 2024, passando da média de 81,9 USD para 71,7 USD, fizeram afundar as receitas fiscais em 14% nos primeiros seis meses do ano.

Angola produziu, no primeiro semestre do ano, 186,0 milhões de barris de petróleo, o equivalente a uma média diária de 1,028 milhões de barris, o que representa uma queda de 9% face aos 1,123 milhões produzidos diariamente em média entre Janeiro e Junho do ano passado, ou seja, menos 96 mil barris/dia face ao período homólogo, de acordo com cálculos do Expansão com base nos relatórios mensais da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG). A queda da produção associada à redução dos barris exportados e do preço do crude nos mercados internacionais, fez afundar as receitas fiscais em 14% nos primeiros seis meses do ano.

A produção média de 1,028 milhões de barris/dia regista no primeiro semestre está 70,0 mil barris abaixo dos 1,098 milhões de barris/dia de média que o Governo inscreveu no Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2025. Entretanto, o que Angola produziu entre Janeiro e Junho deste ano equivale a 46% dos 400,8 milhões de barris que o Executivo previu de produção petrolífera para o ano todo, segundo o relatório de fundamentação do OGE.

O declínio da produção petrolífera é uma realidade no País, não só pela redução dos investimentos, mas também pelo desgaste dos campos. Cerca de 45% dos 1.630 poços de petróleo perfurados no País estão fechados, embora nem todos definitivamente abandonados, segundo a administradora executiva da ANPG, Ana Miala, que falava à imprensa, num encontro denominado "Matabicho com jornalistas", em 2024.

Embora o INE tenha actualizado a base de cálculos das Contas Nacionais com a migração do ano de referência de 2002 para 2015 - que trouxe alterações substanciais ao Produto Interno Bruto (PIB) ao colocar a Extracção e Refino de Petróleo, que representava 28,6% PIB no ano passado, a valer 19,5% do PIB - o ainda "ouro negro" representa 75% da produção industrial de Angola e é responsável por 98,5% das exportações, o que demonstra um sinal claro da fraca diversificação económica do País.

O analista e co-fundador da AIR Trading, Bernardo Barcelos, entende que a queda da produção no primeiro semestre de 2025 pode resultar de uma combinação de factores estruturais e conjunturais: do lado estrutural, destaca-se o declínio natural de vários campos petrolíferos maduros, sem que novos projectos tenham conseguido compensar essas perdas no curto prazo, ao passo que do lado conjuntural, o cenário internacional de preços moderados - com o Brent a oscilar entre 66 e 72 USD - pode ter levado algumas operadoras a ajustar temporariamente os seus planos de extracção, sobretudo nos campos com custos operacionais mais elevados.

"É provável que a produção continue sob pressão até ao final de 2025, a menos que haja uma aceleração de novos investimentos ou a reactivação de campos paralisados", explicou, acrescentando que a recuperação dependerá da capacidade de Angola em criar um ambiente mais favorável ao investimento - seja através de medidas fiscais, regulatórias ou de parcerias estratégicas.

Já Vladimir Pereira, analista do mercado petrolífero da PetroAngola, entende que essa queda deve- -se às actividades de manutenção em alguns blocos petrolíferos, com destaque para a paralisação total da FPSO Girassol, no Bloco 17.

"Com a conclusão dos trabalhos de manutenção na FPSO Girassol e a entrada em produção dos projectos Begónia e CLOV fase 3, no Bloco 17, é expectável que a produção petrolífera nacional registe uma recuperação nos próximos meses".

O Begónia e o CLOV fase 3, localizados nos mares da província do Zaire, iniciaram a produção do "primeiro crude" durante o mês de Julho. O Begónia representa o primeiro desenvolvimento submarino entre blocos em Angola, localizado a 150 quilómetros da costa angolana, concretamente nos Blocos 17 e 17/06, numa profundidade de água entre 800 e 1200 metros, com a ligação submarina de cinco poços de petróleo conectados às instalações submarinas existentes do FPSO Pazflor. O projecto custou 850 milhões USD e prevê adicionar 30 mil barris por dia à produção de petróleo do FPSO Pazflor.

Quanto ao CLOV fase 3, um projecto satélite no offshore profundo do Bloco 17, que consiste no desenvolvimento de uma ligação submarina de cinco poços produtores de petróleo, conectados às instalações submarinas existentes do FPSO CLOV, para uma produção estimada de 30 mil barris/dia.

O Begónia é liderado pela ANPG, a Total Energies (operador) e parceiros do Grupo Empreiteiro do Bloco 17/06, Sonangol EP, SSI, ETU Energias e Falcon Oil, enquanto o CLOV fase 3, que além da presença da ANPG, TotalEnergies e Sonangol, inclui a Equinor, ExxonMobil e Azule Energy e Sonangol E&P.

Exportações caíram e receitas também

No período em análise, Angola exportou 187,4 milhões de barris de crude, o que representa uma queda de 8% face aos 204,5 milhões barris contabilizados no primeiro semestre do ano passado, ou seja, as petrolíferas que operam em Angola exportaram menos 17,0 milhões de barris do que no período homólogo. Os barris foram exportados a um preço médio de 71,7 USD por barril, que ficaram, em média, 10,2 USD mais baratos face ao primeiro semestre de 2024, quando o preço medio de exportação fixou-se em 81,9 USD.

Leia o artigo integral na edição 837 do Expansão, de Sexta-feira, dia 01 de Agosto de 2025, na versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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