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Gestão

O poder dos dados na sociedade!

EM ANÁLISE

Cada vez mais, as empresas vão necessitar de saber que informação detêm e o que podem fazer com ela. As que decidirem analisar a informação existente e avaliar as oportunidades, irão ter sempre uma vantagem sobre os seus concorrentes; conseguirão reagir melhor ao mercado e ter acesso a decisões mais informadas e orientadas para os seus objectivos.

Tanto nas grandes ou pequenas organizações, os sistemas de informação multiplicam-se. Outrora, para estas aplicações estarem disponíveis para os clientes, era necessário um esforço hercúleo, entre criar um posto de atendimento ou criar um website para que apenas uma fracção do público- -alvo tivesse acesso. Mas, com os avanços tecnológicos, o panorama mudou e as empresas são obrigadas a reagir mais rápido às necessidades dos clientes e à oferta da sua concorrência.

Seja por esta adaptação às novas realidades, pelo crescimento do negócio, ou pela facilidade de desenvolvimento, cada vez mais são criados novos serviços e aplicações que recolhem os nossos dados e informação. Se esta informação for trabalhada, pode ser muito vantajosa para o cliente, já que permite uma maior agilidade de serviços (por exemplo, com recomendações baseadas em compras/experiências anteriores). Mas, com este crescimento orgânico dentro das organizações, cada vez mais temos informação espalhada entre os sistemas, bases de dados, documentos e nos emails de vários departamentos, surge a necessidade de governo desta informação.

Em Angola, a Lei n.º 22/11, em relação à protecção de dados pessoais foi publicada em 2011, há mais de 10 anos, e, no entanto, ainda há organizações que não têm definido onde é que deve ser guardada cada informação, quais os critérios para alterar a mesma, e até qual o momento para apagar os dados de uma pessoa. A quantos de nós é que não aconteceu actualizar os seus dados na subscrição de um serviço e depois perceber que afinal estão a usar outros dados de outro serviço?! Estas situações geram insatisfação e desconfiança sobre a forma como as organizações a quem cedemos os nossos dados estão a proteger e a utilizar essa informação. Se não forem tratadas, as organizações irão sofrer perda de clientes e de negócios, com, ainda, possível impacto na reputação caso haja algum incidente com dados pessoais.

As empresas que têm sucesso em combater este cenário, são as que implementam modelos de Governação de Dados, e continuamente refinam e ajustam os seus sistemas conforme o que vai sendo exigido pelo mercado e pela regulamentação. Para as organizações, não é suficiente actualizar as suas políticas de privacidade, mas sim é necessário definir mecanismos e garantir que toda a sua estrutura os conhece e os aplica. Só com uma identificação e controle da informação (que as organizações processam) é que estas podem transmitir aos seus clientes os alicerces deste modelo de governação: qualidade, compliance e confiança. Para tal, podem apoiar-se em vários organismos como a Agência de Protecção de Dados (www.apd.ao), criada em 2019 especificamente para dar seguimento à lei referida acima, ou com os seus parceiros tecnológicos.

Por norma, são criados repositórios centrais para gerir cada contexto de informação (master data), controlando "quem" e "como" é que esta informação pode ser acedida e alterada. Isto garante que há segurança e redução da incoerência da informação, fornecendo sempre ao cliente uma visão única dos seus dados. É assim possível implementar um conjunto de regras, validações e critérios para que a informação esteja sempre válida e de acordo com a regulamentação exigida. Como consequência, existe um crescimento de confiança dentro das empresas para a análise e utilização da informação no processo de tomada de decisões sobre o rumo dos seus próprios produtos e serviços. Quanto às organizações que ainda não começaram com a implementação destas metodologias, têm uma oportunidade, e o desafio, de o fazer nos próximos tempos ( já diz a célebre frase: data is the new oil).

Nos últimos anos houve um aumento de soluções em tecnologias cloud, com a disponibilização de datacenters em África por dois dos gigantes da área (Microsoft e Amazon), e já tendo sido anunciada este mês a necessidade de expansão de um deles, as vantagens destas soluções começam a ser descobertas pelas empresas e a sua adaptação será o futuro. As empresas vão ter de se adaptar, e com a adaptação destas tecnologias e o desejo de utilização da informação surge a oportunidade de identificar os vários sistemas e a informação existente nestes para uma capitalização desta pelas organizações. Com a evolução das aplicações, é imperativo existir uma definição clara de onde a informação é guardada e quem pode aceder, para que possa ser avaliada de uma forma segura e responsável as oportunidades desta utilização.

Algumas das soluções tecnológicas na cloud já disponibilizam aceleradores para uma correcta implementação com governação de dados: com identificação dos vários sistemas que guardam ou processam informação e as relações entre estes, e com mecanismos de monitorização e controle das interacções entre os vários sistemas. Com isto, as organizações têm uma visão clara de onde é que a informação é usada (e por quem), e podem assim implementar os controlos regulamentares. Outras funcionalidades disponíveis são a aferição automática da qualidade de dados, e a geração de relatórios com base em métricas estatísticas, acelerando a análise e fornecendo informação com mais qualidade para decisões operacionais e/ou de estratégia.

Em Angola já existe investimento em datacenters que disponibilizam soluções baseadas nestas tecnologias, fornecendo serviços de resiliência a desastres e segurança acrescida. Mesmo não sendo com os gigantes de TI, cabe agora às empresas começar a explorar estas iniciativas com parceiros nacionais e internacionais (sejam parceiros de datacenters, ou para implementações nas suas instalações), de forma a acompanhar o mercado e não ficarem para trás em relação à concorrência.

Cada vez mais, as empresas vão necessitar de saber que informação detêm e o que podem fazer com ela. As que decidirem analisar a informação existente e avaliar as oportunidades, irão ter sempre uma vantagem sobre os seus concorrentes; conseguirão reagir melhor ao mercado e ter acesso a decisões mais informadas e orientadas para os seus objectivos.