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África

Botsuana ameaça cortar relações com a diamantífera De Beers que regressou a Angola no ano passado

Com a condição de aumentar os lucros no país

"Agora, descobrimos como funciona o mercado de diamantes e descobrimos que estamos a receber muito menos do que devíamos", disse Masisi no discurso aos apoiantes, no qual pediu o apoio de todo o país e disse que o país enfrentava "o Golias dos diamantes".

O Presidente do Botsuana, Mokgweetsi Masisi, ameaçou cortar as ligações ao gigante diamantífero sul-africano De Beers se o acordo de exploração das minas de diamantes, que caduca este ano, não aumentar os lucros do país.

"Se não chegarmos a uma situação favorável para ambas as partes, cada um vai ter de fazer as malas e ir embora", disse o chefe de Estado num comício de lançamento da sua reeleição presidencial, em 2024, na sua cidade natal de Moshupa, a 65 quilómetros da capital, Gaborone.

O acordo de 2011 prevê que a Debswana, a empresa detida em partes iguais pelo Governo e pela De Beers, funcione até 2021, mas a parceria foi prolongada até 30 de Junho deste ano devido à pandemia.

Ao abrigo deste acordo, De Beers vende 90% dos diamantes, ao passo que o Botsuana leiloa 10%, através da Companhia Diamantífera Okavango, mas em 2020 a percentagem do Governo foi aumentada para 25%.

"Agora, descobrimos como funciona o mercado de diamantes e descobrimos que estamos a receber muito menos do que devíamos", disse Masisi no discurso aos apoiantes, no qual pediu o apoio de todo o país e disse que o país enfrentava "o Golias dos diamantes".

"Descobrimos que os diamantes estão a dar muito lucro e que o acordo não foi benéfico para nós; estamos a aumentar a aposta porque queremos uma fatia maior dos nossos diamantes, não pode ser "business as usual"", salientou o líder do maior produtor de diamantes na África subsaariana.

De Beers voltou a explorar diamantes em Angola em 2022

Em Abril de 2022, a De Beers assinou dois contratos de investimento mineiro com o governo angolano para explorar diamantes nas províncias da Lunda Norte e Lunda Sul, marcando assim o regresso ao País da diamantífera sul-africana.

Os contratos resultaram de várias rondas negociais entre as instituições angolanas e a De Beers, desde Outubro de 2021.

O conflito entre a De Beers e o Governo, através da diamantífera Endiama, começou no início de 2000, depois de as autoridades terem suspendido todos os contratos de compra e venda de diamantes no âmbito de uma reestruturação do sector, que incluiu a criação da Sodiam, empresa a quem foi atribuído o monopólio da comercialização dos diamantes angolanos. A De Beers praticamente abandonou o País em 2012, apesar de ter mantido um pequeno escritório de representação em funcionamento na cidade de Luanda.

Num comunicado divulgado no ano passado, o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás (MIREMPET) destacava que "o renovado interesse da De Beers em projetos diamantíferos em Angola decorre das reformas implementadas pelo executivo", conferindo "maior transparência aos processos de outorga de direitos mineiros, bem como uma maior participação no desenvolvimento sócio-económico das zonas mineiras".