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África

Economias africanas escapam a "ventos contrários" e crescem acima da média global

DESEMPENHO E PERSPECTIVAS MACROECONÓMICAS DO BAD PARA 2023 E 2024

"África pode e irá aumentar para um crescimento de 7% ou mais por ano" nas próximas décadas, aponta o economista Jeffrey Sachs, director do Centro para o Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Colúmbia.

Apesar da confluência de choques múltiplos, o crescimento nas cinco regiões africanas foi positivo em 2022 e as perspectivas para 2023 e 2024 deverão manter-se estáveis, com África a superar em crescimento o resto do mundo nos próximos dois anos, conclui o relatório sobre o Desempenho e Perspectivas Macroeconómicas para a região do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) divulgado em Abidjan, Costa do Marfim.

Enquanto a média global projectada de crescimento é de 2,7% e 3,2%, em 2023 e 2024, África deverá crescer 4%, nos próximos dois anos. O relatório também identifica riscos potenciais, como os défices orçamentais estruturais e a acumulação da dívida pública em países confrontados com um elevado risco de endividamento excessivo, e apela a medidas monetárias e fiscais robustas, apoiadas por políticas estruturais, para os enfrentar.

O relatório do BAD sobre o Desempenho e Perspetivas Macroeconómicas para a região mostra que o crescimento médio estimado do PIB real em África abrandou para 3,8% em 2022, de 4,8% em 2021, num contexto marcado por desafios significativos na sequência do choque da Covid-19 e da invasão russa da Ucrânia. Apesar da desaceleração económica, 53 dos 54 países africanos registaram um crescimento positivo.

O relatório envia, no entanto, uma nota cautelosa sobre as perspectivas, no seguimento dos actuais riscos globais e regionais. "Estes riscos incluem o aumento dos preços dos alimentos e da energia, o aperto das condições financeiras globais, e o aumento associado dos custos do serviço da dívida interna", revela.

As alterações climáticas - com o seu impacto prejudicial no fornecimento interno de alimentos e o risco potencial de inversão de políticas em países que realizam eleições em 2023 - representam "ameaças igualmente desafiantes".

Crescimento de 7% nas próximas décadas

"Com 54 países em diferentes fases de crescimento, diferentes estruturas económicas e dotações variadas de recursos, os efeitos de repercussão dos choques globais são sempre diferentes por região e por país. O abrandamento da procura global, condições financeiras mais restritivas e cadeias de abastecimento perturbadas tiveram, portanto, impactos diferenciados nas economias africanas", sublinhou o presidente do grupo do BAD, Akinwumi Adesina, durante o lançamento do relatório.

As cinco economias com melhor desempenho antes do Covid-19 em África deverão crescer, em média, mais de 5,5% em 2023 e 2024, recuperando a sua posição entre as 10 economias de crescimento mais rápido do mundo. Estes países são o Ruanda (7,9%), a Costa do Marfim (7,1%), o Benim (6,4%), a Etiópia (6,0%), e a Tanzânia (5,6%). Outros países africanos estão projetados para crescer mais de 5,5% no período de 2023 a 2024. São eles a República Democrática do Congo (6,8%), a Gâmbia (6,4%), a Líbia (12,9%), Moçambique (6,5%), o Níger (9,6%), o Senegal (9,4%), e o Togo (6,3%).

"África pode e irá aumentar para um crescimento de 7% ou mais por ano de forma consistente nas próximas décadas e veremos, com base na resiliência que vemos neste relatório, uma aceleração real do desenvolvimento sustentável de África, para que seja a parte da economia mundial em mais rápido crescimento", apontou economista Jeffrey Sachs, director do Centro para o Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Colúmbia, concluindo que "África é o lugar para investir".