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África

Gécamines aponta a 100 mil toneladas/ano de cobre, 22 vezes mais do que em 2022

ESTATAL DA RDC DIVULGA ESTRATÉGIA NA FEIRA DE MINERAÇÃO DA ÁFRICA DO SUL

A estatal de mineração da República Democrática do Congo, que chegou a produzir 486 mil toneladas, aponta a mira à mineração artesanal ilegal para acabar com o "roubo" nas suas concessões e aumentar a produção.

A empresa estatal de mineração da República Democrática do Congo (RDC) Gécamines quer voltar a "jogar nas grandes ligas" e, na principal feira do sector em África, realizada esta semana na Cidade do Cabo, África do Sul, anunciou os planos para transitar para uma economia de baixo carbono, na exploração de lítio, estanho e terras raras. O objectivo da Gécamines é regressar aos grandes números, como frisou o presidente, Alphonse Kaputo Kalubi, tendo estabelecido como meta o aumento da produção para 100 mil toneladas de cobre por ano, quase um quinto das 486 mil toneladas produzidas em 1986, quando atingiu o pico da produção.

Trata-se de uma meta ambiciosa, tendo em conta que são 22 vezes mais do que os níveis de produção de 2022 divulgados pelo banco central do Congo, que apontam para 4.562 toneladas de cobre e 19.907 toneladas de cobalto. Esta estatística reflecte bem a predominância da mineração ilegal num país que, em 2021, segundo a Darton Commodities, produziu 72% do cobalto mundial, um ingrediente-chave na produção de baterias de carros eléctricos e telemóveis.

"Os nossos geólogos terão como objectivo organizar campanhas de prospecção em todos os nossos locais para procurar líio, estanho, cobalto, coltan, titânio, volframite, ouro, terras raras", afirmou Kaputo Kalubi, citado pela Reuters. O presidente da Gécamines reconhece que a mineração artesanal é um dos entraves que as autoridades enfrentam e uma barreira aos esforços da empresa para diversificar as suas actividades de exploração.

Os mineiros artesanais, como sublinha, trabalham ilegalmente nos locais pertencentes à Gécamines e, depois, vendem o minério explorado a "compradores estrangeiros". Para travar a exploração ilegal, o presidente da estatal mineira defende que as minas industriais devem trabalhar ao lado dos mineiros artesanais, sempre que possível.

"Isto é crucial, pois já não podemos tolerar as condições vergonhosas em que os garimpeiros artesanais trabalham, e já não podemos tolerar que o nosso Estado e a Gécamines, cujas concessões são ilegalmente exploradas, sejam roubados", rematou Kaputo.

A The Sentry, organização política e de investigação que procura desactivar redes predatórias multinacionais que beneficiam de conflitos violentos, repressão e cleptocracia, estima que mais de 200 mil pessoas trabalham como garimpeiros informais de cobalto na RDC, o que torna a sua deslocação em massa uma proposta difícil, como revela uma reportagem da Al Jazeera, publicada em Novembro do ano passado.

O presidente da Gécamines foi um dos oradores da feira "Investing in African Mining Indaba", certame que reúne a nata da mineração mundial e que este ano teve como tema central a transição energética no sector.

Integraram também o painel de oradores o director executivo da Anglo-American, Duncan Wanblad, o director executivo da Rio Tinto, Sinead Kaufman, o CEO da Exxaro Resources, Nombasa Tsengwa, e o CEO da ICMM, Rohitesh Dhawan.