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Opinião

A táctica de Dezembro

Editorial

A menos de três meses do grande derby, agendado para 9, 10 e 11 de Dezembro, o treinador da equipa B, mas que foi durante muitas décadas o responsável pela equipa principal, desembarcou em Luanda. Para os adeptos da equipa B foi um momento de indescritível alegria, devem ter-se aberto algumas garrafas de champanhe nas casas dos ex-atletas da equipa principal, sendo que acredito mesmo que alguns ainda acham que vão voltar à competição, apesar da idade e das marcas das lesões contraídas ao longo da carreira.

A estratégia da equipa técnica da equipa principal parece ser de não dar muita importância ao facto. Não enviou nenhum emissário ao local, não deixou a sua imprensa noticiar ou dar destaque ao caso, embora se saiba que teve de estar envolvida neste regresso do "velho" timoneiro, garantindo as questões logísticas para que este pudesse chegar em tranquilidade e instalar-se.

Calculo também que para os atletas que se mantêm na equipa principal apesar da mudança do treinador, não deve ser indiferente ver chegar o treinador que os lançou na primeira equipa. Mesmo que já tenham jurado fidelidade eterna ao novo líder, que tenham reprovado publicamente a táctica anterior, rapidamente se adaptaram à forma de jogar do novo treinador, que em abono da verdade não tem uma táctica muito diferente do anterior. Grande parte deles são "profissionais", e se continuarem a receber ordenados e prémios, não interessa quem está no banco a orientar. Esses eram outros tempos, em que os atletas jogavam com "amor à camisola", às ideologias. Para os jogadores que foram afastados do plantel, muitos deles não de uma forma definitiva, apenas desterrados para as equipas das províncias ou para os escalões inferiores, existe também esse desejo de agora estarem ao lado do actual treinador da equipe B, de mostrarem que ainda têm capacidade para "derrotar" os novos que entraram, que lhes tiraram a fama e os proveitos de serem uma "estrela" da equipa principal.

A pergunta que se coloca agora é como vai ser a estratégia do clube mesmo tendo duas equipas? Vão entender-se, combinar o resultado antes do jogo e passar aos angolanos uma imagem de união, um jogo pacífico numa atmosfera de paz e amor assumindo que o que é preciso mesmo ganhar é a final de Agosto de 2022? Ou os atletas mais empenhados de cada uma das equipas não vão conseguir superar as diferenças, possivelmente há marcas que não se apagam e vão mesmo jogar duro e fazer entradas de carrinho? E o que é pensam os dois treinadores? Que instruções vão dar às suas equipas? No limite podem mesmo ter a mesma táctica. Pelo menos a mim, não me surpreenderia.