Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Opinião

O BAI, a BODIVA e a inclusão financeira

CONVIDADO

Quão bom e suave é quando a inclusão financeira nos conduz a realizar actos que aumentam a nossa sensação de liberdade financeira. Esta suavidade é resultado da primeira operação na BODIVA, através de uma Oferta Pública de Vendas (OPV), para a alienação de 10% da participação do Estado angolano na Sonangol e na Endiama.

Apesar dos constrangimentos, a operação servirá de aprendizagem para os próximos activos a serem alienados, que se espera venham a ter o mesmo formato, com as devidas melhorias. A Bolsa de Valores tem muita importância para uma economia quando estiver a funcionar de forma plena. É aí onde o país pode demonstrar também a sua força, o crescimento das empresas, etc.

A revolução de uma economia está no resultado que passa pela modernização e dinamização do mercado de capitais. Não há crescimento económico sem crescimento das empresas. Embora a concorrência perfeita realmente não exista, na Bolsa de Valores podemos encontrar condições para que a concorrência se aproxime o mais possível da perfeita. Estar em igualdade de condições; concorrer sem quaisquer vantagens ou desvantagens porque o preço é definido pelo mercado, podendo ser corrigido quando se tratar de uma colocação considerada "especial".

Dar mérito ao Estado angolano, que actuou como guardião para dar oportunidade aos seus concidadãos, que jamais pensaram, um dia, estar em presença de um processo destes em Angola. Não olhemos sob um prisma político, mas sim para a sua eficácia, tendo alcançado aqueles que puderam cumprir com os requisitos exigidos. Não importa o momento.

De facto, é um piscar de olho aos potenciais indivíduos da classe média. Embora sem saber da participação de estrangeiros, vamos subentender que a procura superior à oferta tenha sido maioritariamente subscrita por angolanos. Afinal, o Estado, como bom pagador, também é bom guardião e a classe média, há muito adormecida, dilacerada por acontecimentos endógenos e exógenos, pode ter benefícios. Lembrar que as acções adquiridas do BAI são ordinárias, que diferem das preferenciais (dois tipos de acções).

O mercado de acções é considerado como a melhor ferramenta para promover a distribuição da riqueza, isto por favorecer o mérito. Com a oferta pública de 10% das acções, o BAI arrecadou cerca de 40,1 mil milhões Kz; passa a ser o 7.º maior banco cotado em bolsa na África Austral e o 107.º melhor em África, com 840 novos accionistas adicionados aos 54 anteriores. Com o desenvolvimento do sistema financeiro angolano, haverá mais aforradores dispostos a investir e a demonstrar sinais de confiança ao mercado financeiro doméstico (acções, obrigações, etc.), sendo mais uma fonte de financiamento das empresas e às famílias.

Não percamos de vista que, no sector financeiro, deve ser prestada a maior atenção à BODIVA na salvaguarda dos interesses de soberania nacional, quando estivermos em presença de processos de privatização ligados a instituições sensíveis e estratégicas para o país, evitando uma dependência financeira "exacerbante", facto pouco dignificante para uma nação que se preze. Os angolanos neste processo (OPV/BAI/BODIVA) demonstraram capacidade financeira para absorver a oferta.

Vejamos por dentro, alguns indicadores extraídos do Relatório de Contas deste Banco, referente ao exercício económico de 2021, ou seja, o que os novos accionistas encontrão: (i) Resultado Líquido de 141,5 mil milhões Kz (ocupou 2.º lugar no pódio. Crescimento de 394% comparado com 2020); (ii) Activos avaliados em mais de 3 biliões de Kwanzas (líder); (iii) Rentabilidade do Activo de 4,6%; (iv) Retorno dos Capitais Próprios de 39,9%; Rácio de Solvabilidade Regulamentar de 34,62 % (regulamentado é 10%); 510 ATM"s (aumento de 9% comparado a 2020); (v) 29.514 TPA"s Activos (aumento de 27% comparado a 2020); (vi) 1.098.114 Cartões Activos (aumento de 27% comparado a 2020); (vii) Créditos em incumprimento de 11,3% contra 14,2% de 2020; (viii) distinguido como melhor Banco em Angola pela Global Finance (New York) e pela Euromoney.

Quero realçar que, do lucro obtido, 35% foi destinado à distribuição de dividendos. Com estes indicadores, os "novos" accionistas estarão expectantes, no dividend yield (rendimento das acções), com positive sense, segundo o número de acções que cada um detêm. Portanto, haja mais privatizações e que sirvam de cartão postal para atrair investimento estrangeiro, tanto directo como em carteira; e que seja incentivada a procura doméstica, pela confiança e capacidade financeira emonstrada.