Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Economia

Cantinas e informais continuam a cobrar 10% por levantamentos nos TPA"s

MERCADO INFORMAL

Informalidade dos serviços e pouca oferta de multicaixas continua a "levar" pessoas ao levantamento de valores em estabelecimentos comerciais que cobram acima dos 1% definidos pelo BNA.

Para evitar as longas filas nos multicaixas, é cada vez mais frequente pessoas recorrerem ao levantamento de dinheiro nas cantinas e outros estabelecimentos informais, e apesar de o BNA ter limitado essas cobranças a 1%, os clientes continuam a pagar 10% por levantamento. De acordo com uma ronda do Expansão a bairros e mercados informais na cidade de Luanda, por cada dez mil Kz "levantados" os clientes são "obrigados" a deixar mil a quem lhes presta o serviço.

O BNA ditou regras à prática, mas comerciantes não cumprem, até porque muitas vezes estes clientes não conseguem levantar o dinheiro nos multicaixas que, ou estão sem dinheiro, ou estas estão fora de serviço. Quando o banco central fez sair o instrutivo n.º 12/2021 de 14 de Setembro, criou-se a expectativa que estes "levantamentos" estariam obrigados a cumprir a norma, até porque para início deste serviço, os estabelecimentos comercias, sendo cantinas ou lojas, devem celebrar um contrato de aceitação com o banco comercial que disponibilizar o Terminal de Pagamento Autorizado. No instrutivo fica expresso que a comissão do estabelecimento deve ser de 1% do valor do levantamento, mas praticamente ninguém cumpre.

Nesta ronda feita pelo Expansão, alguns proprietários de cantinas disseram que até tomaram conhecimento da decisão do Banco Nacional de Angola, mas ainda assim cobram a taxa que varia entre 5% e 10% por cada levantamento, porque os clientes já estão habituados. "Eles já estão conscientes dos 10% pelo serviço, por isso não baixei", disse Eduardo, dono de uma cantina.

O "Baixinho", como é tratado pelos clientes, disse que nem sequer viu o instrutivo do BNA, mas que mantém a cobrança dos 10% para "cobrir o papel e a tinta" que gasta com os recibos das operações. "Temos gastos e precisamos de os cobrir", referiu, ao acrescentar que eles, as cantinas e outros estabelecimentos comerciais, têm estado a fazer um papel importante para "atender a necessidade das pessoas em terem dinheiro em mãos", reflectiu.

Mas há quem tenha preferido por parar com os levantamentos no seu estabelecimento, como é o caso de Osmani, com o argumento de que vai perder dinheiro com a taxa estipulada. "Agora só faço em situações de urgência, porque 1% é pouco pela ajuda que damos às pessoas", confessou.

Apesar da medida do BNA, Paula Miguel, usuária do serviço, disse que continua a socorrer-se desta alternativa devido às poucas máquinas automáticas operacionais disponíveis na sua zona de residência, o que vai provocando longas filas de pessoas para se ter acesso ao dinheiro, ou então ter que chegar até ao centro da cidade onde há maior oferta de máquinas. "Contam-se os ATM"s em Viana, por isso uso sempre esta solução", referiu ao confirmar que sabe estar a perder algum dinheiro com estas operações.

Também em Viana, Lourenço André mantém as cantinas como "ATM informal", pela necessidade em ter valores em mãos. "O nosso mercado ainda é muito informal, por isso aceitamos certas situações como esta", considerou o funcionário público. Já Ernesto da Costa contou que também continua a usar este serviço de livre e espontânea vontade, porque "os donos das cantinas nem publicitam o serviço, as pessoas é quem vão à procura".

Cabe, no entanto, às autoridades responsáveis prestar atenção à prática para exigir o cumprimento do instrutivo, o que Ernesto considera impossível, dado o nível de informalidade dos serviços.

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo