Os gastos lá fora dos angolanos com cartões pré-pagos de marca internacional emitidos em Angola registaram uma redução de 55% no primeiro trimestre deste ano face ao mesmo período do ano passado, de acordo com cálculos do Expansão baseado nas estatísticas do Sistema de Pagamentos do Banco Nacional de Angola (BNA).

Esta queda, tanto do volume de dinheiro gasto como do número de operações realizadas, está directamente ligada às restrições de acesso e limites de uso dos cartões pré- -pagos de marca internacional que começaram a ser impostas pelos bancos comerciais por volta de Abril de 2024, por conta das dificuldades que enfrentavam com o acesso a divisas, explica o economista Heitor Carvalho, realçando que as dificuldades de acesso às divisas desempenharam um papel decisivo neste cenário. "Não há divisas e, por isso, foram impostas muitas restrições ao uso e carregamento dos cartões", sustenta.

Com as restrições impostas pelos bancos, verificou-se também uma queda de 6% do número de cartões pré-pagos de marca internacional activos entre Março de 2024 e 2025, já que muitos bancos deixaram de emitir novos cartões.

Heitor Carvalho acredita ainda que houve uma redução significativa dos rendimentos e os cidadãos têm menos disponibilidade para enviar dinheiro para fora. Além disso, explicou, parece haver um declínio da actividade de estrangeiros com as restrições à saída de divisas, quer para compras, quer para exportação de lucros. "Apesar de não existirem dados quantitativos para apoiar estas duas percepções, creio que estes factores podem ter contribuído para o cenário actual", disse.

De acordo com as estatísticas do BNA, até Março de 2025 os angolanos gastaram cerca de 135,8 mil milhões Kz em operações com cartões pré-pagos emitidos em Angola, menos 168 mil milhões do que no mesmo período do ano passado. Esses valores (135,8 mil milhões Kz) foram movimentados em 3,5 milhões de operações que também caíram face ao período homólogo com uma redução de 25%. No primeiro trimestre do ano passado, os gastos com cartões pré-pagos no estrangeiro foram de 303,9 mil milhões Kz (39% de todo o ano passado) em cerca de 4,7 milhões de operações.

Assim, inverte-se a tendência crescente dos valores e número de operações com cartões pré-pagos de marca internacional que se verificava desde 2021. Para se ter uma ideia, em todo o ano passado, os gastos com cartões pré-pagos no estrangeiro foram de 773,5 mil milhões Kz em 16,2 milhões de operações, o valor mais alto dos últimos 10 anos, e com o segundo maior número de operações realizadas, o que indicava um contínuo crescimento no número de usuários dos cartões pré-pagos no exterior do País até aquele período, bem como o aumento do volume de negócios em torno do uso destes cartões. A maior parte do dinheiro foi gasto no I trimestre de 2024, pelo que a partir daí se verificou uma desaceleração da utilização.