Venda de carros novos cresceu 57,1% no I trimestre deste ano, mas o pessimismo continua
Os concessionários olham para o crescimento económico com muitas reservas o que alimenta o pessimismo face ao seu negócio. Sem o aumento do consumo privado não existe possibilidade de crescer os negócios.
As concessionárias das marcas tradicionais de viaturas em Angola venderam, em média, 16 viaturas novas por dia no I trimestre deste ano, já que comercializaram 1.469 unidades entre Janeiro e Março, mais 534 do que os 935 carros vendidos em igual período do ano passado, de acordo com cálculos do Expansão com base em dados da Associação dos Concessionários de Equipamentos de Transporte Rodoviário e Outros (ACETRO).
Segundo o presidente da associação, Nuno Borges, que há vários anos representa a marca Toyota em Angola, este aumento nas vendas deve-se, essencialmente à maior disponibilidade de stock e vendas de modelos de baixa gama. O Pais está longe dos tempos áureos, diga- -se 2014, da venda de viaturas, como reflexo da perda contínua de poder de compra das famílias, provocado por um cocktail de forte desvalorização cambial (que encareceu o preço dos carros em kwanzas) e de alta inflação (que "come" o rendimento).
Face à situação económica do País, as poucas famílias que avançam com a compra de viaturas têm apostado essencialmente em pequenos modelos, mais económicos e de menor consumo (combustíveis e manutenção).
Questionado sobre se as expectativas de mercado são mais positivas para 2025, Nuno Borges admite que "o mercado poderá registar um crescimento de cerca de 10% a 15%". Contas feitas, se em 2024 foram vendidos 4.484, a expectativa é, este ano, chegar às cerca de 5.150 viaturas novas vendidas nestas concessionárias, muito longe dos 44.536 vendidos em 2014 ou os 20.471 em 2015.
Eram outros tempos, ainda antes de cinco recessões consecutivas da economia nacional. E se as marcas tradicionais têm sido fortemente penalizadas pela economia, hoje encontram uma concorrência muito maior por parte de países asiáticos, com modelos e marcas mais económicas. Hoje, carros chineses e indianos estão no topo das preferências dos consumidores angolanos, apesar de alguns terem qualidade inferior às marcas tradicionais, defende o patrão da Toyota. Impera, assim, o factor preço.
Segundo Nuno Borges, os veículos de origem chinesa têm preços competitivos, mas ainda assim as marcas tradicionais têm um segmento próprio de clientes. Recentemente, disse ao Expansão que "as marcas tradicionais são, no geral, de qualidade comprovada e assistência técnica consistente, mas, por vezes, menos competitivas no que se refere ao preço".
As estatísticas publicadas pela ACETRO revelam assim um início de ano mais "aquecido" em relação aos últimos cinco anos, o que aumenta a esperança do sector de que pode estar em preparação o início da recuperação do mercado automóvel angolano.
A marca Suzuki, nos seus diferentes modelos, foi a campeã das vendas entre Janeiro e Março, tendo sido vendidas 802 unidades, sendo que 37,2% foram comercializadas pela ANGOLAUTO e 17,4% pela LUSOLANDA.
Ainda sobre as marcas mais vendidas, a Toyota ocupa o segundo lugar entre os associados da ACETRO, tendo comercializado 142 unidades, enquanto a Hyundai comercializou 86 viaturas. Já a tradicional Mercedes ficou pelos 78 carros vendidos. A chinesa Chery, que também está a ser comercializada pela DRIVE ANGOLA, vendeu 70 unidades, muito à frente das tradicionais marcas Renault que não passaram de 52 viaturas vendidas e a Nissan que apenas despachou 36 carros novos desta marca. Tudo isto entre as diversas categorias, ou seja, entre ligeiros de passageiros e comerciais e pesados de passageiros e comerciais.
Por outro lado, as vendas de pesados não vão bem. Na categoria de pesados comerciais, as concessionárias da ACETRO conseguiram vender, nos primeiros três meses, 127, enquanto para as viaturas de passageiros apenas 5.
Postos aqui e só para lembrar, os modelos mais vendidos entre Janeiro e Março de 2025 são os suspeitos de sempre: Swift, seguido do Dzire e Baleno.