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Grande Entrevista

"Emissões de CO2 entre os três principais riscos de investimento em Angola"

NINA BIRGITTE KOCH, DIRECTORA GERAL DA EQUINOR ANGOLA

Nina Birgitte Khoch, a primeira mulher a liderar uma multinacional de petróleo e gás em Angola alerta para a necessidade de se aumentar a competitividade do país controlando os três principais riscos de investimento no sector de Oil and Gas em Angola.

Disse que para os padrões e metas da Equinor as emissões de carbono de Angola são altos e que isto poderá dificultar a obtenção de financiamentos para os vossos projectos cá. O que precisa de ser melhorado?

Pelo menos para mim, o tema das emissões de carbono está no top 3 dos riscos de investimento no sector de petróleo e gás em Angola. Porque a pegada de carbono será chave para várias empresas. Na Equinor levamos muito a sério os níveis de emissão de carbono, que será importante para a decisão de onde vamos investir o nosso dinheiro.

Quais são as vossas metas a nível mundial em relação às emissões?

A nível global, temos targets ambiciosos do ponto de vista climático, com o objectivo de alcançarmos emissões net zero até 2050. É uma tarefa gigantesca, que encaramos com muita seriedade e que nos obriga a tomar uma série de acções a curto, médio e longo prazo, conforme comunicámos publicamente recentemente no nosso plano de transição energética.

Qual a média de intensidade de emissões em Kg de dióxido de carbono por barril produzido?

A intensidade média de emissão de CO2 em kg por cada barril produzido através das actividades upstream operadas pela Equinor em 2021 foi de aproximadamente 7, e em Angola, onde temos um portfólio não-operado, foi de 17. É um valor considerado alto comparando com o resto do portfólio da Equinor, e que poderá ter tendência a aumentar atendendo ao declínio da produção, caso não desenvolvamos novos projectos.

Mencionou que os operadores estão a trabalhar para reduzir as emissões. O que está a ser feito?

Sabemos que as emissões vão ser reduzidas no futuro à medida que os projectos em curso a ser levados a cabo pelos operadores dos blocos em que estamos presentes no país forem avançando. Mas actualmente quando tentamos corresponder a nossa intensidade de kg por unidade produzida aí encontramos dificuldades. E nós temos activos aqui que hoje chegam a emitir 30 Kg de CO2 por barril produzido.

À medida que os campos petrolíferos vão envelhecendo aumentam as emissões de dióxido de carbono. E alguns dos vossos activos, incluindo o bloco 17, têm vários campos maduros. O que está a ser feito para controlar as emissões de CO2 nestes activos?

A Totalenergies, juntamente com os parceiros do Bloco 17, incluindo a Equinor, tem trabalhado activamente na implementação de um "roadmap" para a redução das emissões de carbono "GHG" no Bloco 17. Algumas das iniciativas estão centradas na redução do "flaring" [queima de gás associado].

Quais os principais investimentos para este ano?

Um dos investimentos mais interessantes que pretendemos implementar este ano refere-se à instalação de um sistema de fecho do "flaring" no campo petrolífero Dalia, que irá representar uma redução muito significativa do nível de emissões de CO2 ao longo do tempo de vida deste campo. Esta iniciativa, a par de outras a serem implementadas, deverão permitir reduzir as emissões de carbono no Bloco 17 em aproximadamente 1 milhão de toneladas até 2030.

Para quando está prevista esta decisão de investimento?

Deverá ser tomada este ano e representará um investimento significativo. Por vezes há a tendência de considerar este tipo de investimento elevado, no entanto devemos colocar a questão na perspectiva de que, se não o fizermos, arriscamo-nos a que o nosso portfólio em Angola não seja competitivo de futuro devido ao elevado nível de emissões de CO2.

Acredita que a implementação de projectos de captura, utilização e sequestro de carbono (CCUS) pode ser uma solução para reduzir as emissões?

É sempre difícil de estabelecer estes projectos, mas eu não iria excluir. Nas próximas semanas organizaremos um workshop interno, na Equinor, para decidir o que mais podemos fazer para descarbonizar.

Qual pode ser o papel do Governo nesse processo?

A nossa licença para operar e a capacidade de gerir um negócio rentável estarão directamente ligadas à forma como conseguiremos gerir o desafio da redução do impacto ambiental e a ambição de emissão de zero CO2 para a atmosfera.

(Leia o artigo integral na edição 677 do Expansão, de sexta-feira, dia 03 de Junho de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)