O crescimento da economia chinesa é de 4,9%, e abala o mundo
A economia da China continua a desacelerar, o imobiliário e a energia explicam parte. Com o sector industrialem apuros, valem as exportações que se mantêm fortes
As siderurgias enfrentam cortes de energia, há escassez de chips e a produção automóvel também desacelerou. O imobiliário, e depois da queda do gigante Evergrande, também está numa fase de desinvestimento.
E o que afecta a China, afecta o crescimento global.
Os dados oficiais dizem que a economia chinesa cresceu 4,9% no terceiro trimestre deste ano, em comparação com período homólogo do ano passado, em que o país registou um crescimento, mesmo em pandemia, de 7.9%.
A produção industrial, a âncora da economia chinesa, vacilou acentuadamente e teve o seu primeiro desempenho em Setembro desde os primeiros dias da pandemia.
As exportações chinesas mantêm-se fortes, continuam a crescer, em Setembro, cresceram 28,1% quando comparadas com o mesmo mês no ano passado. E as famílias, especialmente aquelas que têm mais dinheiro, voltaram a consumir, a vendas de bens de consumo aumentou 4,4% em Setembro.
"As actuais incertezas no ambiente internacional estão a fazer com que a recuperação interna seja ainda instável e desigual", reconheceu Fu Linghui, o porta-voz do Instituto Nacional de Estatísticas chinês, na apresentação dos dados económicos nesta segunda-feira.
O governo chinês tem vindo a desencadear uma série de medidas de forma a controlar os negócios e a não permitir que se acentue a desigualdade nas rendas dos cidadãos, mas essas medidas foram particularmente penalizadoras para as empresas tecnológicas e a especulação imobiliária, uma parte significativa do modelo económico da China, foi desencorajada.
E a urbanização foi o grande motor do crescimento da economia chinesa, com o país sozinho a produzir mais cimento e aço que o resto do mundo todo junto. Com a crise do China Evergrande Group, as dívidas de investidores e compradores acumulam-se e tornaram-se uma ameaça ao crescimento económico a longo prazo. Só da Evergrande, são 800 os projectos que estão paralisados.
O governo não parece disposto a salvar o grupo, porque querem enviar a mensagem a esta e outras empresas que não se podem endividar à espera que o governo esteja lá para os salvar, ao mesmo tempo que se tenta salvar que fornecedores, compradores e trabalhadores não paguem a maior parte da factura.
Há ainda restrições energéticas, com a China a aderir à agenda climática global. E a produção industrial da China, em Setembro, subiu apenas 3,1% em relação ao mesmo período do ano anterior e é a menor desde Março de 2020, quando a cidade de Wuhan ainda estava fechada devido à pandemia. Há quem diga que as restrições energéticas, que afectam a indústria pesada, são tão preocupantes como o caso da Evergrande.
Começa a falar-se do fim da "era dourada" da China, mas ainda é muito cedo.