Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

África

CEOs africanos exigem melhor gestão pública e transparência

NECESSIDADES DO SECTOR PÚBLICO NÃO DEVEM COLIDIR COM INTERESSES DO SECTOR PRIVADO

Líderes empresariais e investidores exigem um "new deal" com o sector público, que passe por melhor gestão e prestação de contas. Conflito na RDC é, segundo o Presidente da África do Sul, exemplo da inoperância africana. Chefe de Estado do Gana apela a petrolíferas para "bombarem" como se não houvesse amanhã.

Num contexto particularmente difícil, em que o ressurgimento do nacionalismo económico veio dificultar ainda mais o acesso a financiamento e apertar as margens dos governos para investir no crescimento, o sector privado assume-se como a "verdadeira superpotência de África" e quer um novo acordo com os Estados, que passe pela melhoria da governação e pela prestação de contas.

Foi isso mesmo que mais de 2.000 CEOs e investidores foram dizer no 12.º Fórum de Líderes Empresariais de África, que decorreu nos dias 12 e 13, em Abidjan, Costa do Marfim, em que Angola se fez representar pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, e onde o Presidente do Gana, John Mahama, apelou às petrolíferas para aumentarem a produção de crude na África Ocidental, "como se não houvesse amanhã", antes que a transição energética torne inútil este recurso.

O maior encontro do sector privado africano contou com dezenas de debates sobre o investimento no continente e o papel do sector privado, mas acabou por ser marcado por atritos entre os presidentes de África do Sul e do Ruanda, Cyril Ramaphosa e Paul Kagame.

O pano de fundo foi o conflito no leste da República Democrática do Congo (RDC) e a obtenção de um acordo de paz, quando o Qatar assumiu a mediação, o que levou Angola a afastar-se como "árbitro".

A intervenção dos EUA deu o "empurrão" final à obtenção de uma trégua num conflito que se agudizou em Janeiro, quando o M23 assumiu o controlo de Goma e de Bukavu, as duas maiores cidade do leste do país. "A paz entre o Ruanda e a RDC não é um programa de redes sociais", afirmou Ramaphosa, quando partilhava palco com Paul Kagame, no segundo painel do primeiro dia do fórum, que contou ainda com intervenções do vice-presidente da Costa do Marfim, Tiémoko Meyliet Kone, e do Presidente da Mauritânia, Mohamed Cheikh El-Ghazouani.

Conflito "inerentemente africano"

"Todos estão a tentar. Mais uma vez, afecta-nos. Mas a maioria destes desenvolvimentos são avisos de que há coisas que precisamos de fazer e que não fizemos. Isto é semelhante ao que acontece noutras áreas. Percebemos que dependemos tanto de parceiros externos e esquecemo-nos de fazer o que realmente precisamos de fazer", afirmou o Presidente do Ruanda.

Kagame tentou minimizar os esforços do Qatar e dos EUA na resolução do conflito, ao mesmo tempo que procurou desvitalizou os receios sobre o impacto das tarifas impostas pela Administração Trump, alegando que África tem os recursos necessários para o seu desenvolvimento, mas é necessário que as populações africanas tenham consciência das suas necessidades.

Já Ramaphosa lembrou que o conflito no leste da RDC é "inerentemente africano" e, por isso, deviam ser actores africanos a resolvê-lo. "Devemos construir a paz nós próprios, porque vivemos neste continente. E, portanto, temos uma profunda responsabilidade de garantir que a paz prevalece", frisou o Presidente sul-africano, naquilo que foi interpretado como uma repreensão aos líderes africanos por não apoiarem devidamente os esforços para a paz na RDC...

Leia o artigo integral na edição 826 do Expansão, de Sexta-feira, dia 16 de Maio de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo