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Brasil e China avançam em acordo para comércio sem uso do dólar dos Estados Unidos

China corre para aumente participação do yuan no comércio mundial

Os primeiros foram dados com acordos entre o Banco Central brasileiro e o chines. A ideia é que as transacções sejam feitas directamente entre o real e o yuan, em linha com uma das bandeiras do presidente Xi Jinping de aumentar a participação da moeda chinesa no mercado global.

O Brasil e a China deram hoje, 29 de Março, os primeiros passos para estabelecer o comércio bilateral em moedas locais, excluindo a moeda norte-americana, o dólar.

Os dois primeiros acordos para a implementação do mecanismo foram assinados durante o Seminário Económico Brasil-China, realizado em Pequim com a participação de representantes dos dois países e cerca de 500 empresários.

A primeira delas estabelece que o banco brasileiro BBM, com sede em Salvador e controlado pelo Banco Chinês de Comunicações (BoCom), ingresse no CIPS (China Interbank Payment System), alternativa do país asiático ao Swift internacional.

"A expectativa é a redução dos custos das transações comerciais com câmbio direto entre o real e o yuan" e o BBM será o "primeiro participante direto desse sistema na América do Sul", disse um comunicado da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), citado pela Lusa.

Da mesma forma, foi acordado que a filial brasileira do Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, na sigla em inglês) "passa a atuar como banco de compensação do yuan no Brasil". Chile e Argentina têm acordos semelhantes com o ICBC para obter créditos chineses para melhorias de infraestrutura.

Nesta quarta-feira, 29, o Banco Central brasileiro que assinou um memorando de entendimentos com Banco Central da China (PBC) para viabilizar um instrumento financeiro que permita que as transações sejam feitas em yuan, moeda chinesa, e convertidas em reais de "forma mais rápida e menos custosa".

Com isso, não será necessário intermediar as operações comerciais entre os dois países com a moeda norte-americana, o dólar. O BC não informou, até o momento, quando o novo arranjo de pagamentos estará disponível para as empresas.

De acordo com o BC, o acordo prevê que o PBC (BC chinês) indique, de forma discricionária (por sua escolha) uma instituição autorizada a operar em câmbio no Brasil para atuar como uma "Offshore Clearing Bank no Brasil".

"Essa é uma iniciativa chinesa já presente em mais de 25 países, a primeira iniciada em Hong Kong em 2003", informou a instituição.

Segundo o banco central brasileiro, as operações, dentro desse novo modelo, estão asseguradas a subordinação à nova lei cambial, às regulações infralegais pertinentes, às normas jurídicas referentes à autorização, à regulação, à supervisão e aos sancionamentos de eventuais modelos de negócio a serem desenvolvidos ou incrementados após a celebração do memorando de entendimentos.

A China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2022, segundo dados oficiais, a corrente de comércio (exportações e importações ) atingiu o recorde de 150,5 mil milhões USD.

De recordar que a China assinou recentemente acordos semelhantes com a Arábia Saudita e a Rússia, esperando aumentar a participação do yuan no comércio mundial, actualmente estimada em 2%.