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Opinião

Desafios da sustentabilidade: estarão as empresas nacionais preparadas?

CONVIDADO

Nas empresas, a definição de políticas, a implementação de procedimentos para a compilação e tratamento de dados em matéria ambiental, social e de governação (ESG) é um dos primeiros passos a ser dado. Podem ser seguidas directrizes internacionais, ser criados sistemas de gestão com vista à certificação e ser lançados programas locais de reconhecimento em matéria de sustentabilidade e, desta forma, os desafios com os quais as empresas hoje se deparam vão dando lugar ao conhecimento e a sistemas internos estruturados.

A sustentabilidade está na ordem do dia. Temos vindo a assistir, na última década, a uma preocupação mundial crescente de actuação concertada para dar resposta aos grandes desafios globais centrados nas pessoas, no ambiente e nas instituições. Tornou-se imperativo garantir o não aumento do aquecimento global, implementar políticas públicas de incentivo ao uso de energias renováveis, criar mecanismos de fomento do desenvolvimento sustentável com progresso nos vários sectores de actividade.

Em Angola, o Plano de Desenvolvimento Nacional 2023- -2027 constitui-se como um instrumento de planeamento que visa responder aos objectivos definidos na Estratégia de Longo Prazo (ELP Angola 2050) e que prevê o avanço de algumas matérias ao nível da sustentabilidade, mais concretamente, do ambiente. É evidente a preocupação em promover a consciencialização ambiental, proteger a biodiversidade, utilizar substâncias químicas de forma controlada, diversificar a economia sustentável e, sobretudo, desenvolver legislação que vise regulamentar o controlo e a preservação da qualidade do ambiente.

No entanto, coloca-se a questão: estarão as empresas angolanas e, de uma forma geral, as organizações, preparadas para responder às necessidades de mercado do ponto de vista nacional e internacional em matéria de sustentabilidade?

A importância do redireccionamento do investimento para áreas que contribuem para uma economia de baixo carbono é inquestionável. Contudo, implica mudanças significativas no âmbito das operações das empresas e carece de uma orientação de políticas públicas, quer para a atracção de investimento, quer para a promoção da regulação em matéria de sustentabilidade. Esta regulação incentivará a capacitação de organizações (e de pessoas), a crescente familiarização com os temas da sustentabilidade e o desenvolvimento de produtos e de serviços que sirvam um propósito maior: a satisfação das necessidades presentes sem o comprometimento do acesso aos recursos naturais para as gerações futuras. Este equilíbrio é necessário a vários níveis - muito se tem falado dos riscos ambientais, mas não podemos descurar a dimensão social, os direitos de acesso a cuidados mínimos, a segurança e, sobretudo, as condições humanas dignas e a transparência ao nível da governação.

Questões essenciais reflectidas na Agenda 2030 (Objectivos de Desenvolvimento Sustentável), como o acesso à educação, a igualdade de oportunidades, a saúde e a nutrição, água e saneamento, infraestruturas básicas e segurança são preocupação de famílias, empresas, governos e demais instituições como organizações não governamentais. Todos precisam de actuar de forma concertada para o alcance de objectivos comuns em que a palavra central emerge: "sustentabilidade".

Nas empresas, a definição de políticas, a implementação de procedimentos para a compilação e tratamento de dados em matéria ambiental, social e de governação (ESG) é um dos primeiros passos a ser dado. Podem ser seguidas directrizes internacionais, ser criados sistemas de gestão com vista à certificação e ser lançados programas locais de reconhecimento em matéria de sustentabilidade e, desta forma, os desafios com os quais as empresas hoje se deparam vão dando lugar ao conhecimento e a sistemas internos estruturados.

Elaborar relatórios de sustentabilidade, reportar dados ambientais, sociais e de governação (ESG) de forma transparente e sujeitos a verificações externas independentes, com a mesma seriedade com que se apresentam e auditam relatos financeiros é uma prática que se tem vindo a tornar comum um pouco por todo o mundo, revelando-se um interessante ponto de partida rumo à sustentabilidade no mercado formal, refletindo uma visão empresarial assente não só no lucro, mas sobretudo, no valor agregrado. Continua, ainda, assim a faltar regulação nacional, que urge.

*Sofia Moreno, Partner PKF

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