Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Opinião

Factores de crescimento

EDITORIAL

Ter bancos de maior dimensão e alargar a base tributária são dois factores fundamentais para o desenvolvimento económico do País.

Existem pressupostos da nossa realidade que têm de ser olhados de uma forma mais séria, e que, para além dos factores que são normalmente referenciados, impedem, ou pelo menos limitam, o nosso crescimento económico. Um deles é a dimensão dos nossos bancos, demasiado pequenos, "viciados" no mercado cambial e nos títulos de dívida, e depois não têm capacidade para financiar o desenvolvimento produtivo.

Obviamente que isto não se faz por decreto, mas precisamos de instituições bancárias com dimensão para acompanharem o financiamento de projectos estruturantes, para que não se tenha de recorrer sistematicamente a financiamentos externos para suportar o desenvolvimento que todos defendem. Temos demasiados bancos pequenos e nenhum suficientemente grande para assumir a charneira do crédito que a economia nacional precisa.

Se existem sócios que são comuns a diversos bancos, se estamos num momento de profunda mudança na forma de funcionamento e de abordagem de mercado, talvez seja o momento certo para proceder a fusões, para juntar duas ou mais instituições bancárias no sentido de caminharmos para esse desiderato. Isto também podia ser feito pelo Estado, veja-se o exemplo da Caixa Geral de Depósitos em Portugal, mas era necessária uma profunda alteração do comportamento de quem governa. Se houvesse suficiente discernimento para não nomear para a administração os amigos, familiares ou "pontas de lança", como acontece em praticamente todas as empresas públicas.

Com a prática que está enraizada na nossa governação, esta talvez não fosse uma boa opção, porque muito rapidamente poderia descambar. Resta então duas soluções - estimular que os banqueiros nacionais se entendam, possivelmente os seus filhos e herdeiros terão maior capacidade para isso, e abrir as portas para que grandes instituições internacionais se possam instalar no nosso País sem as tradições restrições, problemas e complicações.

Outra questão muito importante é a cobrança de impostos. Hoje existem dois milhões de contribuintes activos para uma força de trabalho que está estimada em cerca de 17 milhões de cidadãos. Tem mesmo de se alargar a base tributária. Este deve ser o principal objectivo e não o aumento do número e do valor dos impostos. Porque cai sempre em cima dos mesmos, que mais cedo ou mais tarde acabam por se cansar. As empresas fecham, fogem para os países vizinhos ou, simplesmente, mudam-se para a informalidade. Já as pessoas singulares, simplesmente, deixam de pagar.

Lembro-me do que aprendi nos anos 80, quando andava na faculdade, "os impostos têm de ser justos, senão os cidadãos não pagam". E pergunto: O que o Estado dá em troca ao cidadão para que estes os considerem justos? A ideia que temos é que serve fundamentalmente para pagar carros de luxo e mordomias aos poucos que conseguem chegar ao topo da administração pública, do Governo, da segurança de Estado ou das empresas públicas. Confesso que várias vezes também penso assim.

Edição 828 do Expansão, de Sexta-feira, dia 30 de Maio de 2025

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo