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Opinião

Mudar de atitude

Editorial

Certamente com um bom sistema de ensino, desde criança, estruturado em valores e princípios éticos, uma punição exemplar para quem não cumpre, que seja perceptível aos olhos de todos, e um amor enorme ao País e aos outros cidadãos. Não se pode levar a sério as lições de patriotismo que são dadas por aqueles que se aproveitam dos bens públicos e das posições que ocupam para "engordar" as suas contas bancárias.

Todas as semanas chegam-nos denúncias de casos de tentativas de extorsão por parte dos fiscais municipais, técnicos da AGT e da ANIESA, funcionários dos ministérios ou das instituições públicas, de empregados bancários, dos serviços de justiça, dos serviços notariais ou de emissão e renovação de passaportes, enfim, uma teia imensa de gente de mão estendida que põe em causa o bem estar de todos. São estes que funcionam com um travão enorme à nossa economia, que contribuem efectivamente para que o País não se desenvolva. E como não escolhe cargos ou posições hierárquicas, acaba por ser transversal a toda a sociedade. Hoje estão a tentar-me extorquir, amanhã sou eu, embutido da minha farda profissional, que também tento extorquir o meu compatriota.

A generalização desta mentalidade merece uma profunda reflexão, pois não vai haver uma solução se não se discutir abertamente como é que chegámos aqui. Salários baixos, falta de incentivos por mérito, falta de reconhecimento das boas práticas, premiação dos espertos, hierarquia social com base em critérios materiais ou falta de instrução, podem ser alguns factores a ter em consideração. O outro, todos sabemos mas temos receio de o repetir, os exemplos vêm de cima. Quantas vezes se deixa que se alimentem especulações de práticas ilegais por parte dos dirigentes sem que se explique convenientemente as situações? E quantas vezes, estes que andam nas histórias pouco recomendáveis, acabam por ser premiados com novos cargos e melhores benesses?

Quem está em baixo olha e percebe que não compensa ser íntegro. Podem alguns argumentar que se trata de uma geração que se habituou a estes esquemas e, mesmo quando já não precisa deles, faz questão em os alimentar porque se habituou que o trabalho, o espírito de sacrifício, a honestidade e a solidariedade não são sinónimos de realização pessoal. Pelo contrário, são sinais de fraqueza e de boelo.

Verdadeiramente importante é como se pode mudar isto. Certamente com um bom sistema de ensino, desde criança, estruturado em valores e princípios éticos, uma punição exemplar para quem não cumpre, que seja perceptível aos olhos de todos, e um amor enorme ao País e aos outros cidadãos. Não se pode levar a sério as lições de patriotismo que são dadas por aqueles que se aproveitam dos bens públicos e das posições que ocupam para "engordar" as suas contas bancárias.

Pode parecer exagerado, mas a grande revolução que o País precisa é individual. De assumirmos todos que temos de ser melhores cidadãos. E quem está nos lugares de decisão dê os passos necessários para que possa acontecer. E, já agora, que dê também o exemplo. Não é preciso ser um génio para perceber que esta é a principal razão de termos um País que maioritariamente vive abaixo do limiar da pobreza. A responsabilidade é de todos. De todos!!

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