Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Opinião

O desemprego precisa ser o "inimigo público" número 1!

Milagre ou Miragem?

Quando abordámos este tema pela primeira vez em Maio de 2019, explicámos que o actual Chefe do Executivo precisava encarar o desemprego, em geral mas muito particularmente entre a juventude, como "inimigo público" e combatê-lo com o mesmo empenho que se deseja ao combate que está sendo feito hoje à corrupção, bajulação e o nepotismo.

Muito se tem falado sobre a qualidade das estatísticas do emprego (e desemprego) em Angola. Nós mesmos experimentamos sérias dificuldades em obter dados credíveis e oficiais quando realizamos um estudo sobre as condições de emprego nas obras públicas e indústria de materiais de construção(1) entre 2015 e 2019. De lá para cá, notamos que houve uma melhoria na forma como os dados são reportados. Hoje, por ex., é possível vermos os dados sobre a "distribuição percentual da população empregada segundo a situação no emprego" e notarmos que o sector privado apenas representa 10% (1º trimestre 2021) e 10,4% (2º trimestre 2021), que a administração pública representa 5,9% (1º e 2º trim. 2021). Notamos igualmente que grande parte da população empregada está por conta própria (32,4% no 1.º trim. e 32,1% no 2.º trim.). Mas acreditamos que muito ainda há para melhorar nessas estatísticas.

Alguns especialistas acreditam que o desemprego existe por má opção política, o que parece ser o caso de Angola como veremos mais adiante. Outros defendem que o desemprego é necessário para gerar competitividade e produtividade entre os que trabalham. Porém, o alto desemprego não só gera instabilidade social, nociva ao investimento privado (nacional e estrangeiro), como também pode levar ao colapso do sistema nacional de segurança social. O sistema de segurança social funciona, de uma maneira simples, como um "esquema de pirâmide", i.e., aqueles que trabalham hoje pagam a reforma daqueles que trabalharam ontem. Hoje, segundo os dados do INE, 8.543.619 pessoas empregadas (representando 79,7%) estão no emprego informal. Se olharmos para a juventude (grupo etário com 15-24 anos) essa taxa de informalidade sobe para 92,5! O desemprego neste grupo etário está estimado em 57,7%. Visto desta forma fica claro que reduzir a alta taxa de desemprego e de informalidade no mercado laboral, tornando viável a segurança social no futuro, deve ser um imperativo.

*Docente e investigador da UAN

(Leia o artigo integral na edição 639 do Expansão, de sexta-feira, dia 27 de Agosto de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)