Para o fim? Para o precipício? Para um túnel sem luz ao fundo? Para o fim da tua vida, tal como a conheces? E só há uma pessoa que pode mudar essa direcção, e essa Pessoa és tu.

Este tema traz à luz uma reflexão que tantas vezes partilho, mas que nunca é demais: a exposição da mulher, a sobrecarga entre aquilo que é a vida pessoal, profissional e social. O constante exigir de perfeição... haaa... essa doce e amarga perfeição que de nada serve, mas que nos retira energia e nos suga a alma. A perfeição de não parecermos fracas, de querer ser a esposa, a mãe, a filha e a profissional ideais. Tudo isto maximizado pelas redes sociais, pelo julgamento crítico dos outros e, muitas vezes, pela nossa própria exigência interior.

Não existe perfeição. No meu percurso de vida e na minha aprendizagem pessoal, compreendi que eu sou imperfeita! São as minhas imperfeições que me tornam "perfeita".

Mas pensar assim hoje não invalida que eu não tenha passado por momentos de exaustão. Vivi-os de forma intensa: na ansiedade de terminar a Universidade em quatro anos, sem me permitir experiências como um Erasmus; como filha mais velha, a querer resolver todos os problemas da família e assumir os "fardos" que não me pertenciam /pertencem; quando tive a minha primeira filha e atravessei uma depressão pós-parto sem me dar conta; ou nas inúmeras reuniões de administração em que precisei de aprender a fazer valer a minha voz.

Ainda hoje luto para encontrar harmonia? Sim, claro! Sou humana, com sentimentos. Mas, o mais importante é que aprendi que o processo de autoconsciência - o MEU CUIDAR- começa por mim. Se eu não cuidar de mim, mais ninguém o fará. Todos irão exigir, à sua maneira, que eu dê. Então, para que isso aconteça de forma saudável, reaprendi a ir ao ginásio, a caminhar, a fazer yoga, a estar mais atenta à alimentação e a procurar mentoria e coaching. Transformei esse percurso numa prática contínua e também num trabalho que hoje desenvolvo com outros, enquanto mentora e coach. Há quase oito anos que o faço de forma consciente. Aprendi a ouvir o meu corpo: o que ele me diz? Como me sinto? O que preciso de fazer para me sentir com mais energia?

E em 2023, enquanto escrevia o meu primeiro livro "O meu livro que é o teu livro - todos temos voz", criei o Método INSPIRA. Hoje, quero partilhar contigo, sobretudo para ti mulher Líder, como este método pode ser aplicado a esse estado extremo que é a exaustão.

Exaustão extrema e os desafios da mulher líder

Uma reflexão e uma proposta de acção à luz do Método INSPIRA

01. CUIDAR | Reconhecer e Priorizar

A exaustão extrema não surge de repente. É fruto de sinais ignorados: corpo cansado, mente sobrecarregada, sono irregular e sensação de estar em "piloto automático". Nós, mulheres, pela multiplicidade de papéis que assumimos, tendemos a colocar-nos em último lugar. Já te sentiste assim?

O primeiro passo é cuidar de ti, reconhecendo limites, estabelecendo fronteiras e assumindo que parar não é fracassar, mas regenerar e reenergizar. É dar-te tempo SÓ TEU: exercício físico, hábitos de sono, respiração consciente, momentos de pausa. Estabelece no teu calendário tempos de descanso. Começa com algo que gostes e faz disso um hábito. Depois, experimenta novas coisas. Permite-te! Ao cuidares de ti, estarás preparada para cuidar dos outros.

02. CRESCER

Reaprender a Gerir Energia

O crescimento exige consciência. Muitas vezes confundimos produtividade com valor, o que gera culpa quando não conseguimos responder a tudo. A exaustão nasce deste desequilíbrio.

Aqui, a estratégia é gerir a tua energia, não apenas o tempo. Identifica o que te drena e o que te revitaliza. Substitui a lógica de "fazer mais" pela de "fazer melhor e com propósito". Evita o multitasking, foca-te numa tarefa de cada vez. Como mentora, acompanho muitas mulheres que descobrem nesta mudança uma verdadeira libertação.

Leia o artigo integral na edição 845 do Expansão, de Sexta-feira, dia 26 de Setembro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. (Saiba mais aqui)

*EVA ROSA SANTOS, Especialista em Recursos Humanos