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Grande Entrevista

"Queremos ser um dos principais exportadores de Angola no sector não-petrolífero"

Diogo Caldas, CEO da Refriango

Diogo Caldas, CEO da Refriango, apresenta a sua visão sobre o sector das bebidas de olhos postos na exportação - que representa menos de 10% da actividade - e na produção local de grandes marcas internacionais.

O facto de produzirem em Luanda marcas globais, como a Smirnoff ou Gordon"s, no segmento de bebidas alcoólicas, abriu a porta a outras oportunidades e parcerias?

Sim, a Refriango é uma empresa angolana, que começou em Angola e que quer ir para o mundo, que acredita que fazendo bem vai atingir os objectivos. Começamos com um portfólio local e com marcas próprias, que são conhecidas por todos os angolanos. Em simultâneo, fizemos parcerias com as maiores empresas multinacionais, como é o caso da Diageo e de outras, e hoje várias marcas internacionais são produzidas em Angola. Isto não acontece em muitos países africanos.

Porquê?

Porque estes grandes grupos não encontram as condições e os parceiros certos para efectivar as parcerias e trabalhar produtos de marcas internacionais, que são produzidos com maiores níveis de exigência em termos de qualidade, distribuição e comunicação.

Esse modelo de parceria no sector industrial, que junta o conhecimento interno a uma visão mais global, também pode servir de exemplo para a industrialização de outros sectores da economia?

Sem dúvida, todos sabemos a crise que Angola enfrentou. Para nós acabou por ser algo que permitiu rentabilizar o investimento, contornar dificuldades e apostar nas nossas pessoas, que é muito importante. Também foi importante para as nossas exportações. Já temos também uma área muito focada nesta vertente, com o objectivo de desenvolvermos planos e explorarmos outras geografias. Inclusivamente já estamos a exportar algumas destas marcas internacionais, a partir de Angola, para vários países.

O investimento nas marcas da Coca-Cola vai abrir espaço para a criação de novos postos de trabalho?

Já investimos para reforçar a capacidade das nossas linhas de produção e também para adquirir os moldes e outros componentes para os novos formatos que vamos passar a fabricar. Também estamos a investir em marketing e comunicação. Todas estas actividades foram reforçadas no imediato. No plano que traçamos, estimamos e acreditamos que vamos crescer mais de 30% nos próximos anos. Acreditamos bastante nessa possibilidade.

É um objectivo para cumprir em 2022?

Para este ano já não vamos a tempo. Mas no próximo ano temos essa expectativa. Temos vindo a reforçar as nossas equipas, estamos com um programa, que não é só industrial, para reforçar a nossa capacidade, que estava de certa forma parada, não só pelos impactos da Covid-19, mas também pela crise económica que afectou o País. Estamos neste momento a retomar alguns turnos na fábrica, o que é positivo, e a reforçar outras áreas importantes. Estamos a contratar pessoas para a área das vendas, não só em Luanda mas também noutras províncias. A curto prazo isto pode resultar, em termos globais, num incremento de mais 10% ao nível dos trabalha[1]dores. Estimamos contratar mais 200 pessoas de forma direc[1]ta. Actualmente, estamos com 2.300 trabalhadores directos. Fora todo o trabalho indirecto que estamos a incentivar, como nos transportes, nos serviços prestados à empresa e na compra local de grande parte das matérias primas. Mesmo para o pro[1]jecto Coca-Cola vão ser compradas localmente e já estamos a reforçar a cadeia de abastecimento ao nível das pré-formas, do cartão e noutras áreas de produção.

Boa parte das matérias-primas necessárias à actividade da Refriango já são adquiridas em Angola?

Sim, isto também é uma oportunidade para outras indústrias se desenvolverem no País.

As marcas da Coca-Cola também vão estar disponíveis para exportação?

Não, nesta primeira fase vamos produzir apenas para o mercado interno. Mas está tudo em aberto, estamos disponíveis e temos capacidade. É algo que depois pode[1]mos desenvolver.

Neste momento que peso tem a exportação na vossa actividade?

Estamos a exportar para vários países, sendo que ainda é um trabalho embrionário face às nossas expectativas. Queremos ser um dos principais exportadores de Angola no sector não-petrolífero e estamos a criar condições nesse sentido. Actualmente, exportamos para África e também para a Europa. Exportamos para Portugal, onde temos uma parceria com a Delta para a marca Blue, depois estamos na RDC, Congo-Brazaville, Guiné Conacri, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe e África do Sul. Dependendo das zonas temos mais produtos de não-álcool ou álcool. Posso lhe dizer que com a Diageo, através da Smirnoff e Gordon"s produzidos em Angola, estamos a arrancar com um plano de exportação para vários países. No futuro, estes produtos feitos em Angola poderão ser consumidos em outras geografias de África.

Qual é o vosso produto campeão das exportações?

São os refrigerantes. Neste momento, o nosso principal mercado externo é a RDC. A exportação ainda representa pouco na actividade da empresa, ainda não chega aos 10% da facturação. Mas a nossa expectactiva é crescer bastante. Queremos triplicar as nossas exportações já no próximo ano.

(Leia o artigo integral na edição 674 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Maio de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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