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Opinião

Povo vindo de fora

EDITORIAL

O problema é que, com o tempo, passaram do "à vontade" para o "à vontadinha" e hoje são um real problemas para os guardiões da segurança e da justiça, porque, em nome da tal dívida que vai demorar décadas a pagar, acabam sempre por fugir entre os pingos da punição e o pior que lhes pode acontecer é regressar compulsivamente ao seu território. Mesmo que os escribas do reino denunciem as situações em que são apanhados a prevaricar, muito raramente referem o que lhes acontece depois.

No reino esta foi a semana de debater a impunidade e a forma como um povo de fora, vindo das longínquas paisagens asiáticas e imposto por via dos baús de ouro que os seus monarcas mandaram para o território, se passeia nas mais diversas actividades económicas sem respeito pelas regras que encontraram no reino. Habituados desde há muito tempo a trocar as ilegalidades por uns trocados que o povo do reino aceita sem hesitar, foram esticando cada vez mais a corda e hoje sentem-se com poder de Krypton, irmãos de Clark Kent, com a força da capa e do fato especial que não hesitam em vestir quando são descobertos nas suas "trambiquices". Muitos nem dominam a língua local, mas isso também não é problema, nem a arrogância é menor.

Obviamente que nem todo este povo de fora é igual, também existem os que se dão ao respeito e contribuem com os seus projectos para que o reino se torne mais rico. Mas são muitos, talvez demasiados, para que não tenham trazido consigo os males que também existem na sua terra de origem - marginalidade, extorsão, crime organizado, corrupção, etc.

Nas cortes do reino este nunca foi um assunto sério, o rei e os monarcas que o circundam nunca tiveram uma declaração pública, pelo menos reportada pelos escribas de serviço, de algum desconforto ou incómodo com esta postura. Vão entrando e foram ficando "à vontade" e ao abrigo de uma cooperação, que, em abono da verdade, foi decisiva e fundamental para a reconstrução da sua economia e do seu território.

O problema é que, com o tempo, passaram do "à vontade" para o "à vontadinha" e hoje são um real problemas para os guardiões da segurança e da justiça, porque, em nome da tal dívida que vai demorar décadas a pagar, acabam sempre por fugir entre os pingos da punição e o pior que lhes pode acontecer é regressar compulsivamente ao seu território. Mesmo que os escribas do reino denunciem as situações em que são apanhados a prevaricar, muito raramente referem o que lhes acontece depois.

E isto pode tornar-se um verdadeiro problema, porque nos cidadãos do reino há um sentimento crescente de revolta contra este povo vindo de fora, apesar de ser extremamente injusto pensar que são todos iguais. Mas os dados estão aí e são centenas os que aparecem ligados às falsificações, aos crimes ambientais, crimes de saúde pública, jogo, extorsão, fraudes informáticas, etc.

Mesmo que o representante máximo deste povo no reino se desmultiplique em conversas e explicações que a relação entre os habitantes dos dois territórios é baseado em parâmetros de igualdade, respeito mútuo e cooperação de interesses, não é bem assim. Temos aqui um problema e não vale a pena fingir que não existe!